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Tarefas:

1 - Lê atentamente o conto Caldo de Pedra,

2 - Responde ao questionário online.

O caldo de pedra

 

Um frade andava no peditório. A determinada altura, cheio de fome, chegou à porta de um lavrador, mas aí nada lhe quiseram dar. E ele disse aos da casa:

— Vou ver se faço um caldinho de pedra.

Apanhou uma pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela a ver se era boa para fazer um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Perguntou o frade:

— Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa!

Responderam-lhe:

— Sempre queremos ver isso.

Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, disse:

— Se me emprestassem aí uma panelinha...

Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.

— Agora se me deixassem estar a panelinha aí ao pé das brasas...

Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele:

— Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava um primor.

Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada com o que via. Exclamou o frade, provando o caldo:

— Está um bocadinho insonso; bem precisa de uma pedrinha de sal!

Também lhe deram o sal. Temperou, provou, e:

— Agora é que uns olhinhos de couve caíam bem aqui. Até os anjos o comeriam.

A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras. O frade limpou-as e ripou-as com os dedos, deitando as folhas na panela.

Quando a couve já estava cozida, disse o frade:

— Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava graça!

Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço e ele deitou-o na panela. Enquanto tudo aquilo cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo. Comeu e lambeu o beiço; depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo.

A gente da casa, que estava com os olhos no frade, perguntou-lhe:

— Ó Irmão, então a pedra?

Respondeu o frade:

— A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez.

E assim comeu o frade em casa de quem nada lhe queria dar.

 

Contos populares portugueses: antologia. Publicações Europa-América, 1998.

 

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